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Apresentação

Enrique Menezes

A gente de SP é um livro expandido, multimídia, uma fonocaderneta que inclui experimentos sonoros inspirados na obra de Mário de Andrade sobre São Paulo. Produzimos versões em áudio para três contos do escritor — um audiolivro —, compondo para eles uma trilha sonora original, que é também um álbum independente de música instrumental. Nessas experiências sonoras, incluímos gravações feitas em São Paulo (em campo) pela equipe do Departamento de Cultura de São Paulo, idealizadas por Mário na época em que ele foi seu diretor (agradecemos ao Arquivo Histórico da Discoteca Oneyda Alvarenga pela cessão dos fonogramas originais). Usamos ainda uma gravação do próprio Mário cantando (junto com Rachel de Queiroz), feita em 1940 por Lorenzo Turner e localizada por Xavier Vatin (agradecemos ao Archives of Traditional Music da Indiana University pela cessão do fonograma original). Tudo isso pode ser acessado através dos QR codes espalhados pelo livro.


A ideia geral da fonocaderneta e a versão sonora dos contos é da Rádio a Granel (Enrique Menezes e Maria Fernanda Carmo), e foi realizada ao longo da pandemia de COVID. A trilha sonora original (o álbum de música) é composta e interpretada pelo coletivo Mapa-Mudo: Ricardo Zohyo no contrabaixo e composição de Tapuias; Enrique Menezes nas flautas, viola caipira e composição de Toca Zumba; Daniel Grajew no piano, sintetizadores e composição de Toada de agradecer, Diogo Maia no clarinete/clarone, João Gabriel Fideles na bateria/percussão, Rafael Ramalhoso no violoncelo e Bruno Menegatti na rabeca. Rossandra Cabreira e suas filhas cantam Arami xe jeroky, Biancamaria Binazzi gravou algumas paisagens sonoras direto da roça e usamos também a gravação de uma burian, feita por Marcos Branda Lacerda no Benin, em 1987. A edição tanto dos audiocontos quanto do álbum é da Rádio a Granel, a mixagem e masterização são de Gustavo Vale.


Para os textos de Mário de Andrade, fizemos um mix entre versões publicadas e versões manuscritas dos contos, consultados no Arquivo do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB/USP). Do confronto entre essas versões compusemos o texto que vai publicado aqui. Para o conto O poço usamos como base o texto do livro Contos Novos publicado pela Nova Fronteira em 2011, (volume coordenado por Telê Ancona Lopez, com estabelecimento do texto feito por Aline Nogueira Marques e Hugo Camargo Rocha). Consultamos também a edição de Contos Novos feita em 1947 pela Livraria Martins Editora e 3 versões manuscritas/datiloscritas de Mário que estão no Arquivo do IEB/USP. Para o conto Túmulo, túmulo, túmulo, usamos como base o texto que está no livro Os contos de Belazarte, publicado pela Nova Fronteira em 2013, com estabelecimento do texto feito por Aline Nogueira Marques. Confrontamos com os textos do conto publicados na edição de 1926 de Primeiro andar feita pela Casa Editora Antonio Tisi e na edição de 1934 do livro Belazarte, pela Editora Piratininga, ambas edições anotadas por Mário que estão no Arquivo do IEB/USP. Para o conto Caso em que entra bugre, usamos como base o volume Obra imatura, publicado pela Editora Agir em 2009, com coordenação de Telê Ancona Lopez e estabelecimento do texto feito por Aline Nogueira Marques. Confrontamos com os textos publicados no Diário Nacional em 14/07/1929 e no livro Belazarte, publicado em 1934 pela Editora Piratininga. Em geral, acompanhamos o estabelecimento do texto nos três contos como feito por Aline Nogueira Marques, atualizando alguma coisa da ortografia para a norma vigente e optando por manter, em muitos casos, as características e formas gramaticais inventadas por Mário de Andrade da forma como aparecem nos manuscritos e edições revisadas por ele (e que ficam fora da norma). 
 

Depois dos contos há um posfácio, no qual combinamos ideias alheias e nossas mesmo, gastando um tempão para tentar esclarecer os motivos pelos quais nos animamos a produzir essa fonocaderneta.

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